quinta-feira, 2 de abril de 2009

FILME: BABEL

ESCOLA SECUNDÁRIA/3 DE PINHEL
Organização: Agrupamento de Filosofia


CICLO DE CINEMA E DEBATE
2º Período (Última Sexta-Feira de cada mês)

Público: Comunidade Educativa.
Entrada: Livre.
Local: Sala de Audiovisuais.
Hora: 14h.15m

30.01.09 – BABEL
Realização: Alejandro Gonzales Iñärritu;
Interpretação: Brad Pitt; Cate Blanchett; Gael G. Bernal; Said Tarchani; Kôju Yakusho

BABEL – O Filme

"Indicar o carácter extraordinariamente casual de todas as
combinações: disto segue-se que qualquer acção de um homem tem uma
influência ilimitadamente grande sobre tudo aquilo que há-de acontecer",
F. Nietzsche, "Fragmentos Póstumos de 1884".


Três Continentes, quatro histórias e a causalidade duma bala, na velocidade que lhe é característica, atravessando inclusive oceanos, sinónimo dum projéctil que se sentirá bem dentro de cada uma das segundas.
Imediatamente, as perguntas, o modo habitual de tentar entender o significado dum tiro, talvez a esperança do último não ser mais do que isso: um tiro. E é?

É uma bala perdida, sim. Disparada à distância. Porém, similar com todos eles, na história, distantes, assim como a distância do tiro, do que ainda não têm (inicialmente, a relação entre o casal americano; Chieko, a japonesa, perdida em si mesma – nos exemplos do Café, do Dentista e com o Agente da Polícia Metropolitana, como perdida dos outros, à espera do reconhecimento/do amor do outro – sobretudo, na desilusão da discoteca; Amélia, perdida no deserto, perdida das crianças; ou até mesmo o Pai Marroquino, discutindo com os seus filhos, desorientado, sentindo-se a desmoronar com tudo o que está a acontecer).
Ao mesmo tempo, a dor duma bala, que se sente por inteiro no corpo, como a dor da perca de um filho ou de um irmão (no caso da família marroquina), a dor da solidão, do isolamento numa cidade que se movimenta aparte disso (no caso da japonesa), a dor de se estar perto da morte (no caso de Richard), ou num sentido figurativo, a dor de se perder uma vida que se construiu - ainda que na ilegalidade -, como o caso da empregada das crianças, Amélia.
E como não bastasse a culatra, os estilhaços ainda, esses malditos danos colaterais advindos da bala, como é o agente japonês da Polícia Metropolitana, que se fere, sem que o quisesse, com tudo aquilo que Chieko lhe dá a saber e a sentir.

Não é então uma simples bala, não. É a visualização dum assustador colete que cada um de nós pode trazer à cintura, ainda que não dê conta do seu peso, nem mesmo das inúmeras balas aí alojadas. Mas como, interroga-se. Assim?

. É a acção humana singular? Ou ela está marcadamente encerrada num conjunto de acções que lhe são, à partida, alheias? Mas, na decisão, e no caso da arma que se dispara, existe essa capacidade de se reconhecer que o Universo não se confina à singularidade?
. É-se um mero joguete do destino? Um frágil peão num tabuleiro de xadrez, condenado a cair, ainda que não tenha culpa disso, num tempo próprio de existência, apenas à espera de ser derrubado?
. Terá de ser necessariamente a morte a justificar a vida? [No exemplo do casal americano: o tempo recupera-se apenas na dor, e com a dor?]
. E se não houver uma linha fronteiriça afinal? A disparidade tecnológica/civilizacional até existe, mas no quadro humano, haverá mesmo uma fronteira? [No confronto com o exemplo da patrulha fronteiriça, ou no quadro dos episódios que se levantam em torno do autocarro turístico]


Nuno Costa

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