A biblioteca da Escola Secundária organizou
uma exposição de livros de autores portugueses que foram censurados pela
ditadura salazarista do Estado Novo.
Agora estão em exposição diversos livros
censurados, com os respetivos relatórios dos censores que tinham a tarefa de
ler a obra e verificar se era prejudicial à propaganda do regime salazarista.
A exposição apresenta livros de autores como
Miguel Torga, Aquilino Ribeiro, Mário Cesariny, Vergílio Ferreira, Soeiro
Pereira Gomes e José Cardoso Pires.
Os
homens que liam os livros para os censurar utilizavam um lápis azul para riscar
o que era considerado ofensivo para o regime ditatorial e produziam um relatório
acerca do livro.
Os
censores, munidos de lápis azul, marcavam nas obras que liam o que consideravam
ser ofensivo para o regime ditatorial produzindo, posteriormente, relatórios
detalhados sobre cada livro examinado. Um exemplo desses relatórios é o
elaborado pelo capitão José Brandão Pereira de Melo sobre o livro "Um Auto
para Jerusalém", de Mário Cesariny, Começava assim:
«Esta obrinha de um dos próceres do
surrealismo português parece-me absolutamente inaceitável, isto é: francamente
censurável (digna da mais severa censura) não só pela irreverência, em matéria
religiosa ou de fé, como pela chocante intromissão satírico-política no tema
filosófico-moral que o A. se propôs. A fala de Jesus (págs. 34 a 53) é
absolutamente definidora do espírito achincalhante da obrinha, que, por isso,
bastantemente por isso, me parece de proibir».
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